sexta-feira, 30 de abril de 2021

UM CASAL LIBERAL

 No início os hormônios da adolescência, meus e dela, comandam as ações e meu desejo é tomar posse, comer, ser o primeiro e marcar território. Conquista é o nome do meu jogo, mas sedução é o dela e as surpresas se sucedem deixando o namoro cada vez mais imprevisível e sensual.

 O tempo passa e os desejos se confundem. Ela é minha, mas já não é o suficiente. Quero exibir minha mulher, só que o ciúme e as tradições mineiras ainda nos limitam.

 Ainda assim, um dia conseguo superar o sentimento de posse, no outro falamos abertamente sobre nossos fetiches e logo o corpo dela enfeita o mundo virtual e as praias liberais.

 As primeiras trocas de carícias com outros parceiros nos trazem empoderamento e mais sensação de liberdade. Mas, se por um lado as convicções machistas vão diminuindo, por outro a adrenalina de cada nova etapa é como uma conquista do Everest.

 Enterrado o conceito de casamento tradicional, nos deixamos levar pela luxúria e por prazeres não sonhados em nosso início de namoro.

 Ainda reluto em reconhecer que ela é a estrela e objeto de desejo daqueles que nos cercam mas o lobo que habita em mim abre espaço para um homem maduro, orgulhoso de sua história e já quase sem barreiras para o prazer dela, dos parceiros e muito menos do meu próprio.